quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Cuidado com o que pede


A gente tem que cuidar o que pede. Neste ano, incomodei tanto os meus colegas de redação que queria ser premiada com troféu aqui de Ijuí que, aliás, só ganha quem paga por ele e pouco tem a ver com o reconhecimento profissional, que acabou dando certo. No amigo secreto de ontem, a minha colega e amiga descarada, Carine da Pieve, me entregou um troféu personalizado, de Melhor Jornalista 2010. Foi uma farra. Adorei.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

No Congresso

Desde ontem estou acompanhando a equipe de assessores do deputado federal ijuiense Darcísio Perondi em Brasília. Preparo uma bela matéria para o Jornal da Manhã contando como é o trabalho do nosso parlamentar. Vou relatar um pouco da rotina e da estrutura dos gabinetes, que adianto, são bem menores do que a gente imagina. Esta foto é do 10º andar do Anexo 4, onde fica a maior parte dos escritórios dos deputados. Ao fundo, o prédio verde é onde funcionam dezenas de comissões parlamentares, que concentram os trabalhos pela manhã. Mais atrás as torres e plenários da Câmara e do Senado.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Entre cabriúvas e angicos



Participei ontem junto com colegas do Jornal da Manhã do projeto de replantio do Parque de Exposições Wanderlei Burmann. Foi no Bosque do Saci. Neste ano, 11 empresas já participaram do plantio para substituir as árvores que já estão com seu tempo de vida no final. Neste ano já foram plantadas 69 árvores. O bosque tem 37 espécies nativas do Rio Grande do Sul, incluindo algumas espécies raras. Eu e a jornalista Talita Mazzola plantamos oito mudas de árvores, tais como a Açoita Cavalo, Angico Vermelho, Guatambu, Cabriúva, dentre outras, sendo todas madeiras nobres. Além da importância ambiental, foi bem divertido!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

55% dos jovens não avançam em escolaridade em relação aos pais no Brasil

O relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) aponta que o Brasil é o terceiro pior país do mundo em desigualdade. Para os jovens, enfrentar essa realidade é difícil, mas o melhor caminho para superar esse fosso entre ricos e pobres está na Educação. O problema é que o acesso ao ensino também não avança e reproduz a baixa mobilidade socioeconômica a cada nova geração de brasileiros.
No Brasil, apenas 36% dos jovens entre 18 e 23 anos estão estudando. Outro dado preocupante do estudo indica que mais da metade dos jovens brasileiros, no máximo, repete o nível de educação dos pais, enquanto nos EUA, por exemplo, 80% superam a geração anterior. O Brasil perde para países como Honduras, Bolívia e Equador, segundo relatório da ONU. Hoje, metade dos jovens brasileiros com idade para cursar o Ensino Médio está fora da escola. No Brasil, são 50 milhões jovens entre 15 e 29 anos.
Na opinião do professor emérito da Unicamp e pesquisador emérito do CNPq Dermeval Saviani, a pesquisa reitera um fato já conhecido que vem resistindo a se modificar basicamente por falta de vontade política. O alto índice de desigualdade que caracteriza a sociedade brasileira e a falta de vontade política para assumir, de fato, a educação como primeira prioridade explica essa disparidade, inclusive em relação a outros países latino-americanos. Como resultado dessa gestão insuficiente, a grande maioria da população tem dificuldade de acesso aos níveis mais elevados de ensino e, quando o consegue, acaba por fazê-lo em instituições que qualitativamente deixam a desejar.
Para ele, o fato de que no Brasil mais da metade dos filhos não ultrapassam o nível educacional atingido pelos pais pode estar relacionado a oferta de Ensino Médio e, mais ainda, de nível Superior estar bem aquém da demanda correspondente às faixas etárias correspondentes. “Acredito que isso se explique pelo fato de que, sendo a oferta de ensino no Brasil cronicamente insatisfatória, na década de 1990, sob o governo FHC, adotou-se a política, fortemente recomendada pelo Banco Mundial, de priorizar o Ensino Fundamental. Com isso ficou deprimida a oferta de vagas no Ensino Médio e Superior, dificultando que os filhos de pais que não cursaram esses níveis de ensino a eles tivessem acesso”, avalia. Ele lembra que no Brasil a oferta de vagas no nível superior não chega a 12% dos jovens entre 18 e 24 anos, na Argentina, por exemplo, a oferta corresponde a 36%, ou seja, três vezes mais.
Saviani participou em Ijuí no 1° Seminário Regional Atualidade e Perspectiva do Ensino de Geografia, História e Sociologia promovido pelo Departamento de Ciências Sociais da Unijuí.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Produtor renova esperança com a cultura do trigo

Daia: esta é a íntegra da matéria sobre o trigo. bjo

Mesmo com cenário adverso e sem definição de preço-mínimo, produtores mantêm a tradição do plantio do trigo na região. Negociações em Brasília acendem a esperança de tempos melhores. Enquanto novidades não chegam, cultura segue consolidada como cultivo de inverno e ganha em produtividade com mais tecnologia, apesar da redução da área plantada

Há 30 anos, Valdir Desordi, independentemente do cenário econômico escolhe a cultura do trigo para o plantio de inverno. São 40 hectares localizados na Linha Base. Com a colaboração do clima, a lavoura está promissora e o trigo plantado em maio já se apresenta em bom estágio de desenvolvimento. Mesmo sem um preço mínimo garantido, Valdir, apesar de outras variedades disponíveis, ainda acredita que o trigo dará mais retorno. “Meu planejamento considera sempre a lavoura de inverno como forma de financiar os custos de verão”, explica.
Nos últimos cinco anos, Desordi vivencia graças às novas tecnologias um aumento da produtividade na propriedade de 25 sacas por hectare para 50 sacas. Ele projeta para este ano um custo de 30 sacas e se tudo correr bem, sem geadas e chuvas fortes, espera colher os resultados. “Ainda não temos preço, mas as vantagens na rotação de culturas acaba sempre compensando”, avalia. Para ele, o desafio para tornar mais viável a cultura do trigo é produzir mais, gastando menos.
O setor do trigo está aguardando uma resposta do governo para a instituição do preço mínimo. A informação é do presidente da Federação das cooperativas de soja e trigo do RS (Fecotrigo) e presidente da Federação das Cooperativas agrícolas do RS (Fecoagro), Rui Polidoro Pinto. O tema foi debatido em junho em Brasília em uma reunião da Câmara Nacional das Culturas de Inverno, em que a principal cultura é o trigo. No encontro foram aprovadas três prioridades de ação. A manutenção do preço mínimo, o pagamento de atrasados PEP e AGF na comercialização do governo e a continuação dos leilões PEP AGF para o restante da safra no Rio Grande do Sul e Paraná.
Segundo informou Polidoro, a informação do ministro foi de que a redução do preço-mínimo de deve às reações de mercado e não há como intervir. Em relação aos novos PEP, o ministro também não acenou com uma proposta positiva argumentando que o encerramento da safra estava próximo. A reunião contou com a presença dos deputados Darcísio Perondi, Luiz Carlos Heinze e Moacir Micheletto, do Paraná.
Tentar reverter a redução de 10% no preço mínimo do trigo, promovida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), fato que não ocorria desde 1943 é um desafio. Outra preocupação é a importação do produto, principalmente da Argentina, que vem prejudicando os agricultores brasileiros. "Trata-se de uma importante cultura de inverno e que precisa ser protegida", alertou Perondi, que também defende uma revisão do Mercosul e o estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC) para o trigo.
Ao final, ficou decidido que uma equipe constituída por técnicos do Ministério da Agricultura e do Comércio Exterior faria o possível para que ocorra uma revisão. “As alegações de que sem os incentivos reivindicados, o setor sofreria um grande desestímulo no RS e Paraná, que está com 30% semeado, não surtiram o efeito imediato desejado e agora estamos aguardando que a proposta avance”, explicou Polidoro.
Para Polidoro, essa espera é um dos principais fatores que ajudou a desestimular os produtores gaúchos, que hoje apresentam uma área semeada em torno de 15%. Outra conseqüência é a baixa tecnologia usada nas lavouras de inverno. Ainda em relação ao preço mínimo, na última semana houve uma nova audiência reunindo entidades como Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com o ministro da Agricultura Wagner Rossi em mais uma tentativa de reverter essa decisão. “Continuamos aguardando uma resposta positiva para essa espera dramática”, lamenta Polidoro.
O RS é historicamente um Estado exportador de trigo. A cultura representa a redução de custos da lavoura de verão pelo melhor uso das máquinas e economia na mão-de-obra. Sendo, portanto, uma cultura de inverno adaptada e consolidada. Nos últimos anos, centros de pesquisa vêm apresentando a produção de novas variedades mais rentáveis para atender a demanda da indústria. Outra vantagem da cultura do trigo é a redução da demanda da importação do produto, o que representa uma economia para as dividas do país.
Por todos esses fatores, a falta de apoio preocupa. “É preciso uma definição de política de mais longo prazo e com isso o produtor se sentirá estimulado”, defende.
Hoje, o trigo possui uma produtividade crescente em torno de 2,3kg. Na década de 90, a safra chegou a atingir mais de 50% do consumo interno. Em 2008, chegou a atender 70% da necessidade interna com uma safra de 5,7 milhões de toneladas, também graças a evolução nas pesquisas.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Jornalismo Aventura

Hoje, fiz uma bela matéria sobre o trigo. Visitei o produtor Valdir Desordi, da Linha Base. Ele e a esposa Claudia Tissot Desordi me receberam com todo o carinho. O lugar é lindo. Um vale verdejante, mas para chegar até o campo foi bem arriscado. Tive que atravessar uma pinguela de 30 anos. Madeira de espessura reduzida e coberta de limo. Para apoio das mãos, um mísero arame superfolgado, que não proporcionava estabilidade alguma. E a passagem era alta, uns dois metros. Depois subimos uma colina íngreme. Cansativo. Jornalismo aventura.





terça-feira, 27 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Fui homenageada pela EFA





Estou muito feliz com a homenagem das professoras da EFA. Não esperava. Cheguei para a cobertura a Jornada Literária da escola e fui pega de surpresa. Fiquei muito emocionada. Legal o reconhecimento. Valeu!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Unijuí presta homenagem ao seu primeiro reitor



Baggio recebe o título de professor emérito

Com um longo discurso, em que relatou pequenos episódios que ilustram como ocorreu o processo de transformação dos Centros Integrados de Ensino Superior de Ijuí (Ciesi) na Universidade de Ijuí (Unijuí), Adelar Francisco Baggio participou ontem de sessão solene do Conselho Universitário da Unijuí que conferiu ao primeiro reitor da universidade o título de professor emérito.
Cerca de 150 convidados acompanharam a homenagem, que marca a passagem dos 25 anos da conquista. A portaria publicada no Diário Oficial da União em 28 de junho de 1985, pelo então ministro da Educação, Marco Maciel entrou para a memória da instituição, assim como a participação fundamental do ex-reitor Baggio na transformação de Ijuí em uma cidade universitária.
Na solenidade, também foram citados e convidados a se levantar para receber os aplausos do público, membros do conselho superior da instituição, seguido de funcionários e alunos da época em que a Unijuí se tornou a primeira universidade da Nova República. Também foi lembrado o papel da imprensa no apoio e divulgação da articulação em busca da universidade, que teria a solenidade oficial de instalação realizada em 20 de outubro de 1985 na Sociedade Ginástica de Ijuí, com a presença do ministro da Educação. Na mídia impressa, foi destacada a participação do Jornal da Manhã e da jornalista Regina Perondi. Também foram lembrados os comunicadores Valdir Heck, Adelar Amarante e Hélio Lopes.
"Nunca tantos esperam tanto de um só". A frase dita pelo ex-presidente da Fidene Argemiro Jacob Brum foi destacada por Baggio. Segundo contou, foi em uma das suas idas para Brasília, na ocasião para resolver problemas referentes ao curso de férias. "Recebi o bilhete que citava pessoas que eu deveria procurar e realmente me dei conta da minha responsabilidade na instituição", declara.
Outra história lembrada por Baggio foi o dia em que ele ficou das 14h às 20h esperando na antessala do Ministério do Planejamento. Não foi recebido e quando Delfim Netto saía, ouviu de um assessor que o professor ainda estava esperando. "Lembro do ex-ministro dizer no elevador: você tem o tempo daqui até o primeiro andar para me convencer a apoiar o projeto e eu consegui", conta. "Recebo este título com muito orgulho", afirmou Baggio. Antes do discurso, a apresentação do coral "Bel Vivere" da etnia italiana emocionou e arrancou lágrimas do homenageado. Baggio foi um dos precursores do movimento das etnias de Ijuí e presidente da etnia italiana.
Baggio citou também no discurso sua participação na formatação do planejamento estratégico da Unijuí, o período de mudança na universidade na fase de redemocratização, o movimento da Retomada de Desenvolvimento em Ijuí, as campanhas com o envolvimento da comunidade e o surgimento do movimento étnico.
Ao final, foi servido um café da tarde para confraternização dos convidados. Às 17h, foi feita a foto dos 25 anos em cada um dos campi. Em Ijuí, a concentração foi em frente à Biblioteca.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Família de Dunga responde a críticas de conterrâneos do técnico da Seleção em Ijuí


Torcida ijuiense apoia sim o técnico Dunga

É a quarta vez que Ijuí assiste à Copa do Mundo torcendo por um dos seus mais célebres conterrâneos

Desde ontem, todas as atenções estão voltadas aos astros do esporte mais praticado no planeta. Com exceção dos EUA, Cuba e Venezuela, o futebol é a preferência mundial. Dentre os países, o número um da Fifa veste a camisa canarinho. Na frente da seleção, está Dunga. Todo o país torce pelo sucesso dele e dos seus 23 escolhidos. Mas diante dessa torcida de mais de 191 milhões, estão 79 mil que habitam a terra natal do ex-jogador. Estes assistem pela quarta vez a participação de Dunga nas copas. Três vezes como jogador e agora como técnico.
Embora Ijuí não se intitule a Terra do Dunga, essa relação é próxima. No domínio público, a única referência é modesta. Trata-se do Largo Capitão Dunga, inaugurado após a conquista do tetracampeonato do Brasil com grande festa popular. No âmbito privado, aqui ainda moram os pais e a irmã do técnico, preservados do assédio da imprensa devido à doença que acomete o também ex-jogador Edelceu e que exige cuidado constante da Dona Maria.
É por isso, que nas folgas entre os compromissos, o herói do tetra aparece por aqui. Antes, essas visitas eram acompanhadas de jogos festivos, em que o pai gostava de mostrar o filho campeão aos amigos e todos podiam confraternizar. "A família vive uma dualidade, se por um lado estamos extremamente orgulhosos com o trabalho do Dunga, o momento vivido nos últimos três anos é um dos mais difíceis, contrastando com o lado festivo da Copa do Mundo. Tal fato faz com que a família prefira evitar um maior contato com a imprensa", explica o cunhado do Dunga, Ivo Boratti, porta-voz oficial da família Verri.
Essa realidade adversa motiva reações. Muitos acreditam que Dunga não valoriza a cidade em que nasceu. "É lamentável que pessoas esclarecidas declarem que Dunga não se orgulhe da sua terra", dispara. "Você acha que o presidente Lula, por exemplo, antes de uma reunião na ONU, declara que é natural de Garanhuns", pondera Boratti. Para a professora do curso de Psicologia da Unijuí, Iris Campos, a relação é de reciprocidade. Para ela, Dunga cita Ijuí tanto quanto a cidade cita-o. "O retorno que Dunga dá ao município é proporcional ao que ele recebe", defende. Como exemplo, ela lembra Santa Rosa que construiu uma estátua em homenagem ao memorável goleiro da seleção Taffarel. "A rótula é visível e marcante na cidade", avalia. Para ela, outra explicação pode estar relacionada à personalidade forte do Dunga. "Parece-me que ele faz questão de ser reconhecido pela sua competência e não necessariamente por ter agradado alguém, e isso nem sempre é simpático aos olhos dos outros", pondera.
Outro sentimento que pode estar presente nos momentos de crítica dos conterrâneos ao Dunga é que por ele ser de Ijuí, muitos o conheceram pessoalmente e estranham o fato de ele ter chegado aonde chegou. "É mais difícil tratar como ídolo alguém tão igual a nós, humano como nós, com defeitos também e que conhecemos de perto antes da fama", garante.

Personalidade forte é mal interpretada

Outro foco das críticas ao Dunga vem da imprensa. Mas para o editor de Esporte do Jornal da Manhã, Carlos Alberto Padilha, a realidade não é bem como pintam alguns articulistas do centro do país. Ele já fez mais de oito entrevistas com a celebridade ijuiense, desde o tempo em que o atual comandante da seleção era jogador, e sempre foi bem recebido. "Ele é mal interpretado porque ele não se preocupa com o que a imprensa diz, mas no sentido de confiar no próprio trabalho e reforçando que não é influenciável por uma opinião ou outra", explica.
Padilha garante que Dunga gosta de dar entrevistas, mas para quem mostra conhecer futebol. "Ele responde todas as perguntas e, ao final, a conversa sempre continua, informal, em tom amistoso, bem diferente do que muitos jornalistas sensacionalistas dizem", conta.
Padilha concorda que o fato de ele não se preocupar em agradar pode ser a origem de certas perseguições. Mas esse jeito de ser é um traço da personalidade dele. Ele próprio presenciou em 1979 em um jogo amador no Estádio 19 de Outubro, quando o Dunga junto ao pai e outros esportistas, na época prestes a embarcar para Porto Alegre para jogar no juvenil Internacional, dá um exemplo da sua frieza e fé em si próprio. Dunga ouviu calado outro aspirante a jogador se vangloriar de que se tivesse chance seria um craque. "Dunga escutou calado, sem se preocupar em responder e hoje, aquele que se dizia um ótimo jogador, apenas conheceu a vitória na história do Dunga. Não vingou".
Essa personalidade forte de fato é imprescindível no futebol. "Futebol traz uma posição psíquica muito difícil, é o tudo ou nada, o segundo lugar é considerado uma desonra e isso é perigoso e preocupante", alerta Iris. Ao que parece, Dunga está consciente da responsabilidade que tem. Foi chamado à seleção para moralizar e renovar, após a péssima impressão causada pela seleção comandada por Parreira em 2006. E está fazendo isso apesar das críticas e desconfianças.
Mais do que o Rio Grande do Sul e Ijuí, a quem chama de sua aldeia, nos próximos 30 dias Dunga está representando o País. O que já fez como jogador, quando conheceu a derrota e a glória. Os ijuienses, acima de qualquer posicionamento, querem receber como presente do treinador Dunga o hexacampeonato. Mas se infelizmente, a taça não vier, ele estará preparado para responder pelas escolhas que fez. "Ninguém mais do o Dunga quer trazer a Copa para o Brasil. A gente sabe que não será fácil, mas estaremos ao lado dele em qualquer resultado", finaliza Boratti.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

História do HCI vira livro


Publicação, que será lançada amanhã, registra os 22 anos de gestão Darcísio Perondi marcada pela participação da comunidade na ampliação e melhoria no atendimento à saúde da população regional

No início dos anos 90, o Brasil vivia o processo de democratização na política e no plano econômico a guerra contra a inflação. Foi nessa época, há 25 anos, que uma mania tomou conta de todo o Estado, além da Lambada, um ritmo que martelava no ouvido. Inclusive na capital gaúcha, era comum a cena de pessoas pararem nas ruas para pegar uma tampa de caneta, uma moeda, ou uma chave para ajudar a raspar a loteria instantânea Bônus da Saúde, sem ficar com aquela raspinha preta embaixo da unha. Você lembra? Pois então, essa mania começou em Ijuí.

O que poucos recordam e muitos nem sabem é que aquela raspadinha foi uma das estratégias criadas pela diretoria do Hospital de Caridade de Ijuí para concluir o projeto de expansão do hospital. O 3° Bloco do HCI foi a obra de maior repercussão na região Noroeste do Rio Grande do Sul. Isso devido aos movimentos de levantamento de recursos para tornar o atendimento hospitalar de Ijuí referência macrorregional. Essa mobilização contou com o apoio da comunidade, contagiada com as ações do novo presidente do hospital, um jovem determinado a empreender mudanças, profissionalizar a gestão, devolver aos associados o poder de decisão sobre os rumos da atenção à saúde da população.

O recém-formado pediatra, Darcísio Perondi, já havia mostrado nos primeiros anos de profissão que não ficaria apenas dentro do consultório e iniciou uma mobilização para a compra de berços aquecidos para a Maternidade e uma campanha pelo aleitamento materno que na época sofria um forte lobby das empresas alimentícias para a compra de leite em pó. Chegou a incentivar a participação dos ijuienses em um concurso fotográfico com mamães amamentando no peito os seus bebês, que rendeu belas imagens.

Em 1986, uma assembleia histórica, em que pela primeira vez duas chapas disputaram o comando da associação, marcou o ingresso de um novo grupo, liderado por Perondi, no comando do hospital. Ijuí, assim como todos os outros municípios brasileiros, precisou unir forças na própria comunidade para garantir o atendimento a um bem fundamental que é a saúde, já que os governos em todas as esferas não dedicam os esforços necessários e não empenham os recursos suficientes. Foi assim que a Associação Hospital de Caridade Ijuí, uma entidade filantrópica, foi criada há 75 anos. Com esse mesmo espírito, foi feita uma retomada da relação com a comunidade para ampliar e qualificar o hospital que passava por um momento de estagnação. “O legado do Perondi é um hospital que é referência macrorregional em um período em que todas as outras casas hospitalares da região fecharam ou enfrentam graves dificuldades”, afirma o atual presidente do Hospital de Caridade de Ijuí, Claudio Matte Martins.

O período também foi marcado pela transição na área da saúde, que deixou de ser gerida pelo Instituto Nacional de Previdência Social, o famoso Inamps. Um dos avanços foi a conquista do certificado de filantropia que aumentaria em 30% as verbas para o hospital. “Quando eu era presidente do Tribunal de Contas da União fui procurado pelo presidente Darcísio Perondi que pediu ajuda para a tramitação do projeto de concessão de filantropia. Era a minha vez de ajudar a instituição que está no coração de todo o ijuiense”, conta Alberto Hoffmann, que aos 90 anos, ainda lembra da inauguração do 1° bloco do hospital em 1940.



Mas a marca mesmo foram as campanhas comunitárias. Em março de 1989, a Campanha da Soja mobilizou os produtores do interior, que ao conhecer o projeto e sua importância, doavam algumas sacas do grão. Foram 12 mil. Na comissão das mulheres surgiu a Campanha do Tijolinho envolvendo a comunidade escolar. Cada aluno recebia uma cartela e oferecia a vizinhos e amigos a compra simbólica de um tijolo ao preço de 10 centavos. Grande parte das cartelas não voltou, mas o sucesso foi garantido pelo propósito. As crianças passavam pela obra e diziam: aquele é o meu tijolo. Um momento inesquecível foi o Bingo da Saúde. Dá para imaginar, o Estádio 19 de Outubro lotado na véspera de Natal com mais de 10 mil pessoas na expectativa do grande prêmio em um calor escaldante. Tudo por um Kadett zerinho. A promoção seguinte ganhou as telinhas da televisão. Foi o Telebingo. Fez história e foi amplamente copiado.

Mas o grande impulso foi possível quando a diretoria do hospital teve a coragem de aceitar a proposta de um representante da Moore Dathagraphics que ofereceu um produto novo: bilhetes com prêmios instantâneos. Da sugestão inicial de 10 mil cartelas, o grupo encomendou 5 milhões. Na época, Perondi já era presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos e para viabilizar o projeto foi formado um grupo de cinco hospitais: Nossa Senhora da Pompéia (Caxias do Sul), Hospital da Cidade (Passo Fundo), Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo (Santa Maria) e a Santa Casa da Misericórdia de Pelotas. Assim foi lançado o primeiro bilhete Raspe e Ganhe no Estado.

Foi uma febre. O ijuiense Dunga foi garoto-propaganda do Bônus. Principalmente entre os moradores da Capital, que ao comprar as raspadinhas, ajudavam os hospitais do interior. Reconhecendo essa contribuição, em fevereiro de 1992, o Hospital Pronto-Socorro de Porto Alegre passou a ser um dos seis hospitais a participar do Bônus. O convênio foi assinado no gabinete do prefeito Olívio Dutra. “A generosidade do povo deve inclusive aumentar para que possamos salvar mais vidas em Porto Alegre e para que o hospital de Ijuí inaugure o seu novo bloco”, disse à época. Com o bom resultado do convênio que contou com a doação de três ambulâncias equipadas e diversos equipamentos, recebidos pelo vice-prefeito Tarso Genro, o atendimento de emergência se qualifica, tendo sido um dos fatores positivos avaliados pela população no primeiro governo petista de Porto Alegre.


Mas o projeto foi questionado pela Receita Federal e iniciou-se uma batalha jurídica. O Bônus foi garantido graças a uma liminar da juíza de Direito Silvia Goraieb, que reconheceu a importância social da iniciativa. A decisão deu uma sobrevida ao projeto, mas não por muito tempo. Em 1994, o Bônus foi cassado pela Associação Brasileira de Loterias Estaduais. A decisão teve efeito imediato nas contas do hospital, que ainda não havia finalizado a obra e utilizava parte dos recursos para financiar os atendimentos à população. O hospital ainda sofreu em seguida uma pesada multa da receita Federal que alegou falta de recolhimento do ICMS. O estrago só não foi maior por ter sido no mesmo ano instituído o Refis, que permitiu o refinanciamento da dívida, que continua sendo paga.

Mas a essa altura o prédio de cinco andares, que muitos consideravam um elefante branco, tornou realidade o atendimento de alta complexidade regional. Foi um acerto. Tanto que depois do Centro Oftalmológico, UTI Neonatal e Pediátrica, Centro de Imagenologia, Radiologia, viriam o Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), o Instituto do Coração e a Medicina Nuclear. Avanços que tiveram a participação fundamental de Perondi, que foi alçado a deputado federal e hoje é presidente da Frente Parlamentar da Saúde. Foram 22 anos de história, mas ainda há muito o que investir e fazer pela saúde. Esses e outros momentos são relatados pela jornalista Janis Loureiro na obra A Força da Comunidade, que estará sendo lançada amanhã, às 19h, na Estação da Mata em Ijuí.


Um trabalho de longa pesquisa

A ideia de escrever um livro contando a história do HCI surgiu em 2008 com a intenção de homenagear quem havia ficado mais duas décadas na presidência da Associação Hospital de Caridade Ijuí, mas estava saindo por uma obrigação legal, já que acumulava o cargo de deputado e não poderia mais beneficiar a instituição que presidia com recursos governamentais. "A história é bem surpreendente, principalmente o respaldo que as iniciativas de mobilização encontravam na comunidade", conta a autora do livro, Janis Loureiro.
O trabalho de levantamento das informações, seleção de imagens no arquivo da instituição, entrevistas, projeto gráfico, diagramação e finalização somou dois anos. "A pesquisa foi intensa nos jornais de Ijuí, principalmente no Jornal da Manhã, que acompanha todo o período de tempo", relata. Reportagens registram a criação da identidade visual do hospital com o slogan 'O Hospital é da Comunidade e a Comunidade é Você', as campanhas em prol da construção do 3° Bloco, assim como as notícias de caos na saúde na época em que o Sistema Único de Saúde dava os seus primeiros passos. "Foi um período de grande inflação e troca de moeda, um cenário difícil para a ampliação do hospital, o que torna a conquista de Ijuí ainda mais ousada", avalia.
A pesquisa incluiu também o arquivo da associação que dispõe de documentos como atas, relatórios de gestão, releases e publicações internas editadas pela Assessoria de Comunicação Social do HCI. Outra fonte importante foram os depoimentos de pessoas que deixaram a sua marca nessa história como Alberto Hoffmann, Adelar Baggio, Celso Lucchese, Emídio Perondi, Germano Gazolla, Marlene Vontobel, Eulália Klamt, Cláudio Matte Martins, Ivone Wiezbicki Siqueira, João Leone de Sena, entre outros. "Tenho muito orgulho de contar essa história que narra um dos mais importantes momentos de mobilização comunitária e de voluntariado social vivenciados pela comunidade de Ijuí e região Noroeste", comemora.