segunda-feira, 9 de agosto de 2010

55% dos jovens não avançam em escolaridade em relação aos pais no Brasil

O relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) aponta que o Brasil é o terceiro pior país do mundo em desigualdade. Para os jovens, enfrentar essa realidade é difícil, mas o melhor caminho para superar esse fosso entre ricos e pobres está na Educação. O problema é que o acesso ao ensino também não avança e reproduz a baixa mobilidade socioeconômica a cada nova geração de brasileiros.
No Brasil, apenas 36% dos jovens entre 18 e 23 anos estão estudando. Outro dado preocupante do estudo indica que mais da metade dos jovens brasileiros, no máximo, repete o nível de educação dos pais, enquanto nos EUA, por exemplo, 80% superam a geração anterior. O Brasil perde para países como Honduras, Bolívia e Equador, segundo relatório da ONU. Hoje, metade dos jovens brasileiros com idade para cursar o Ensino Médio está fora da escola. No Brasil, são 50 milhões jovens entre 15 e 29 anos.
Na opinião do professor emérito da Unicamp e pesquisador emérito do CNPq Dermeval Saviani, a pesquisa reitera um fato já conhecido que vem resistindo a se modificar basicamente por falta de vontade política. O alto índice de desigualdade que caracteriza a sociedade brasileira e a falta de vontade política para assumir, de fato, a educação como primeira prioridade explica essa disparidade, inclusive em relação a outros países latino-americanos. Como resultado dessa gestão insuficiente, a grande maioria da população tem dificuldade de acesso aos níveis mais elevados de ensino e, quando o consegue, acaba por fazê-lo em instituições que qualitativamente deixam a desejar.
Para ele, o fato de que no Brasil mais da metade dos filhos não ultrapassam o nível educacional atingido pelos pais pode estar relacionado a oferta de Ensino Médio e, mais ainda, de nível Superior estar bem aquém da demanda correspondente às faixas etárias correspondentes. “Acredito que isso se explique pelo fato de que, sendo a oferta de ensino no Brasil cronicamente insatisfatória, na década de 1990, sob o governo FHC, adotou-se a política, fortemente recomendada pelo Banco Mundial, de priorizar o Ensino Fundamental. Com isso ficou deprimida a oferta de vagas no Ensino Médio e Superior, dificultando que os filhos de pais que não cursaram esses níveis de ensino a eles tivessem acesso”, avalia. Ele lembra que no Brasil a oferta de vagas no nível superior não chega a 12% dos jovens entre 18 e 24 anos, na Argentina, por exemplo, a oferta corresponde a 36%, ou seja, três vezes mais.
Saviani participou em Ijuí no 1° Seminário Regional Atualidade e Perspectiva do Ensino de Geografia, História e Sociologia promovido pelo Departamento de Ciências Sociais da Unijuí.

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