Conhecer as ruínas da civilização Inca no Peru sem dúvida deve ser um momento inesquecível. Um impacto cultural, um momento de meditação. Imagino pessoas saindo de grandes metrópoles para um certo ritual zen de encontro com algo superior, com Deus, com a criação. Bom aí, dependendo da crença de cada um. Deve ser mágico.
Em janeiro, um grupo de turistas do Noroeste gaúcho, viajou em excursão, com destino à Argentina, Chile e Peru. Saíram no dia 16 de janeiro com retorno previsto para o dia 31, um total de 37 pessoas de Porto Alegre, Sobradinho, Passa Sete, Boa Vista do Cadeado e Independência. A maioria, 21 pessoas, tinha mais de 60 anos.
O roteiro inesquecível deve ser levada ao pé da letra para o grupo que ficou ilhado em Águas Calientes em janeiro. No caso de Maria Inês Dalla Costa, que saiu quase do meio do nada, pois Boa Vista do Cadeado tem cerca de 2,5 mil habitantes, para conhecer os resquícios de uma civilização pré-colombiana, é possível que ela tenha encontrado mais pessoas em Machu Picchu do que na sua cidade de origem. Ela acabou encontrando-se com o inesquecível e também com o inesperado. Ela descobriu que estava presa em Águas Calientes no final de domingo, dia 24 quando voltava do sítio de Macchu Picchu. Ela conta que chovia muito e o rio estava cada vez mais violento. Desde então foi muito complicado e angustiante, porque as informações chegavam a cada momento diferentes e cada vez mais desanimadoras.
Ela relata que o pior momento foi na segunda-feira à tarde quando um dos comandantes do trem passou batendo nas janelas, solicitando a saída de todos, por que havia a possibilidade de alagamento por uma tromba d'água. Neste momento, levaram todos para o lugar mais alto do vilarejo que fica no pé da montanha. No total, 1800 turistas subiram por um corredor estreito, em total silêncio, sem saber o que iria acontecer. "Foi muito angustiante, palavra, pensamos que poderia ser o fim", recorda o drama. Somente no final do dia é que veio a notícia de que os trilhos do trem que levavam para a vila de Ollantaylambo estavam todos destruídos pela correnteza das águas, e que a única forma de sair era através de helicópteros.
Deste então, os brasileiros sem ter muitos recursos, ficaram alojados nos trens e só foram resgatados na quita-feira dia 29, por helicópteros. A chegada de alimento e de agasalho foi demorada e ocorreu só na quarta-feira dia 30. Quem mais sofreu foram as crianças e os idosos. Foi desumano ver as filas de idosos um dia inteiro no sol quente, esperando pra embarcar e chegar no fim do dia ver todos retornarem para os vagões, por que foram privilegiados grupos de americanos e japoneses (Euro e Dólar).
Mesmo assim, Maria Inês considera que a viagem foi maravilhosa e que valeu a pena. Apesar do risco, ter ido até a cidade de Cuzco e não poder conhecer Macchu Picchu seria muito frustrante. "Hoje, com a "cabeça fria", penso que valeu a pena, porque tivemos momento de repensar a vida e de valorizar pequenas coisas do dia a dia. Com certeza guardaremos em nossa memória todos estes momentos vividos”.
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