Acima, a esposa Lúcia Müzell que propiciou o contato com os familiares de Andrei Netto (acima).
Desde ontem, iniciei na Redação do Jornal da Manhã de Ijuí a tentativa de localizar familiares de Andrei Netto. O esforço foi em conjunto com a colega Talita Mazzola. Hoje, consegui o contato com Régis de Moraes Netto, irmão do ijuiense Andrei de Moraes Netto, o agora famoso jornalista que passou oito dias preso pelas milícias do regime Kadafi na Líbia. O desaparecimento de Andrei comoveu toda a comunidade internacional e mobilizou a diplomacia brasileira e associações de jornalistas. O telefone da família em Porto Alegre foi repassado ontem de madrugada via Facebook pela esposa do jornalista que reside em Paris, na França, Lúcia Müzell. Na cidade, todos estão curiosos para esclarecer o vínculo com Ijuí do jornalista, que conheceu nos últimos dias a face mais dura das forças do ditador Muamar Kadafi na tentativa de fazer o seu trabalho, trazendo informações sobre o conflito civil armado que vive o país muçulmano do norte da África.
Primeiramente, gostaríamos de saber se já foi possível o contato por telefone com Andrei na residência do embaixador brasileiro George Ney de Souza Fernandes em Trípoli? Ele contatou a minhã mãe e naquele momento estava prestes a voar para Paris. Ele disse que estava bem na medida do possível Relatou ter sofrido grande tortura psicólogica.
Como foi esse período de oito dias, desde o dia 2, sem saber notícia do paradeiro e da integridade física do Andrei para a família?
Régis de Moraes Netto: Foi duro. Ele está lá desde o dia 19 de fevereiro e a gente vinha acompanhando e em determinado momento ele sumiu. Passaram-se 10 dias e a gente não sabia nem se estava vivo ou morto. Depois com a exposição na mídia do desaparecimento, que se iniciou a pressão e então foi divulgado que ele estava preso e onde ele estava. Em seguida, a imprensa mobilizou contatos até a libertação dele.
Gostaríamos de esclarecer a história da família de Moraes Netto com Ijuí?
Régis de Moraes Netto: Todos os quatro filhos casal João Carlos e Maria Teresinha são nascidos em Ijuí. Eles deixaram Ijuí em 1984. Estudamos nos tradicionais colégios da cidade: Ruizinho, Ruyzão e no Ceap. Andrei é o mais novo e tem menos vínculo com a cidade. Sou casado com uma ijuiense e sempre volto à cidade a cada ano. Meus filhos gostam de passar as férias aí. Todos os quatro filhos do casal formaram-se em Porto Alegre na PUC ou UFRGS. O meu pai foi motorista da empresa Ouro e Prata fazia linha Porto Alegre-Ijuí. Hoje mora no interior de Goiás. Ele é da família Dumoncel de Santa Bárbara e Moraes de Cruz Alta. Minha mãe reside em Porto Alegre.
Como a família acompanha o trabalho dele como correspondente internacional?
Régis de Moraes Netto: É difícil. O Andrei esses dias estava indo para o Egito. Eu mesmo disse: meu irmão não vá. Acabou que foi outro colega. Eu disse ainda bem, mas ele tem isso no sangue, não sei se vai ser a última não. Essa é a vida dele.
Por fim, Andrei pretende vir ao Brasil em breve para rever a família?
Régis de Moraes Netto: Possivelmente sim. Ele esteve recentemente no Estado, passou o Natal e o Ano Novo aqui. Talvez tenha que vir ao Brasil a trabalho, mas não necessariamente venha a Porto Alegre.